Depressão lidera afastamentos entre os transtornos mentais

Depressão lidera afastamentos entre os transtornos mentais


Cansaço extremo, desânimo, dificuldade para se concentrar e desenvolver as atividades do dia a dia são sintomas cada vez mais comuns entre pessoas jovens em idade produtiva. São sintomas da depressão, doença considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma "epidemia global", que, num prazo de 20 anos, será a enfermidade mais comum em todo o mundo. No trabalho, onde normalmente passamos a maior parte do tempo, podem estar alguns fatores que desencadeiam  a doença. Em 2011, transtornos mentais foram a terceira causa de afastamento por acidente de trabalho (quando a atividade profissional provoca os sintomas). Segundo dados da Previdência Social, estes transtornos ficaram atrás apenas das doenças do sistema osteomuscular (caso das artroses e artrites) e as lesões por causas externas. Entre os transtornos mentais, a depressão é responsável pela maior parte dos  afastamentos. O psiquiatra e médico do trabalho Edilton Côrtes explica que a atividade profissional costuma influenciar na saúde mental quando o ambiente não é saudável. Metas inatingíveis, demandas acima da capacidade do profissional, competição excessiva e clima de insegurança por medo da perda do emprego são exemplos de situações perniciosas ao trabalhador. O estresse decorrente do trabalho, entretanto,  não deve ser encarado como único vilão, acredita o psiquiatra. "O que pode causar a depressão é a tensão da vida e não só no trabalho, como o consumismo, por exemplo. O trabalho, para  muitos, é o único ponto de equilíbrio". Preconceito Para R.N., que conviveu com a doença sem tratamento durante três anos, trabalhar é uma conquista. "Trabalho com atendimento ao público, uso sistemas de computadores e consigo desenvolver normalmente minhas atividades. Ler um livro é um pouco mais difícil, mas perfeitamente possível. Eu acho que venci", comemora. A jovem de 25 anos teve o primeiro episódio de depressão (com características psicóticas) aos 21, durante a faculdade. Após três semestres na Universidade Federal da Bahia, perdeu a vaga por causa de mais uma crise e trabalhar se tornou inviável. Após o tratamento com medicação e psicoterapia, porém, R.N. voltou a estudar - agora mirando os concursos públicos - e trabalha em uma biblioteca. Quando passou a integrar a estatística, R.N. não sabia como lidar com a condição e foi vítima de preconceito. "No começo, não aceitava e compreendia a doença", conta. De volta ao  mercado de trabalho, ainda em tratamento, enfrentou constrangimentos por  causa da medicação controlada de que faz uso. "No começo, não quis contar, mas fui alvo de comentários.  Em uma reunião, relatei o desconforto e encarei o problema. Contei  para me sentir melhor". A atitude, apoiada pela supervisora, surtiu efeito e o desconforto desapareceu.   Fonte: Revista Proteção