Risco de acidente é constante na rotina de motoboys :es-->Risco de acidente é
Diante do caos que envolve motofretistas e/ou mototaxistas dos grandes centros urbanos e regiões metropolitanas, especialistas se empenham em estudar o setor mais a fundo. A culpabilização do motoboy pelo acidente é tendência frequente, quando na realidade, é necessário fazer uma avaliação profunda. A lei que regulamenta a profissão e impõe regras para garantir mais segurança à atividade entrou em vigor, mas, em alguns estados está sendo adiada. Há insatisfações quanto aos prazos para o seu cumprimento e dúvidas sobre sua eficácia.
O paulistano Adriano Freires de Sousa trabalha todos os dias sobre duas rodas no trânsito da cidade mais populosa do Brasil. Aos 36 anos, atuando há 12 como motofretista, ele faz, em média, 15 entregas diárias por toda a capital paulista. Na sexta-feira e nos finais de semana, para complementar a renda da família, ainda exerce jornada dupla, fazendo entregas para uma pizzaria. Como Sousa, somente na cidade de São Paulo, de acordo com o Sindicato dos Motoboys(Sindimoto/SP) são 220 mil motofretistas e mototaxistas. No Estado, esse número sobe para cerca de 500 mil profissionais. No Brasil, no ano passado, conforme o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) foram emplacadas 16.910.473 motocicletas, 22,21% do total de novos veículos que passaram a circular no Brasil. Na mesma velocidade em que a frota de motos aumenta, crescem os registros de acidentes, muitos deles envolvendo os condutores que têm nesse veículo sua ferramenta de trabalho.
Em 2010, conforme o Mapa da Violência 2012 - Acidentes de Trânsito, 13.452 motociclistas brasileiros perderam a vida no trânsito. Em 1996, quando o estudo começou a ser divulgado, os óbitos com motos vitimaram 1.421 condutores. Os números não representam somente acidentados no trabalho, e esse é um dos primeiros problemas que dificulta a atuação da Saúde e Segurança do Trabalho no setor. Preocupados com o cenário de acidentes e adoecimentos, prevencionistas têm se debruçado a estudar os motivos que explicam tantas ocorrências, enquanto o governo inicia a fiscalização de uma lei, adiada duas vezes, que prevê a regulamentação da profissão e estabelece regras para o trabalho seguro. Na outra ponta, algumas empresas já sabem como colaborar para a mudança dessa realidade e estão agindo, enquanto motofretistas e mototaxistas se adéquam à nova legislação e se conscientizam sobre os perigos a que estão expostos, fazendo também a sua parte para uma jornada sem acidentes.
As motocicletas nem sempre fizeram parte do mundo do trabalho. No princípio, eram mais utilizadas como lazer do que como meio de transporte. Paul Nobre de Vasconcelos Silva, analista de gestão em saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Pernambuco, que também atua com educação para o trânsito, se recorda da sensação de liberdade que sentia quando andava de moto, na década de 1970, quando poucos se aventuravam sobre duas rodas. "Naquela época os motociclistas eram poucos e o crescimento da frota ainda pequeno", recorda-se.
Fonte: Revista Proteção.