Brasília/DF - A ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), abriu o seminário "Desafios para a Autonomia Econômica das Mulheres na Contemporaneidade" ressaltando a importância de se discutir as condições das mulheres no ambiente corporativo.
"Em todo o contexto, é preciso discutir mulher e trabalho. A divisão sexual do trabalho é tão diferenciada, porque mesmo que as mulheres tenham mais escolaridade, elas não conseguem alçar postos de direção no âmbito interno das carreiras", considerou a ministra, na última segunda-feira (4).
Na saudação a gestoras públicas, lideranças de empresas e sindicais, a ministra elencou a maternidade, o assédio moral e sexual e a diferença salarial como elementos de desigualdades entre mulheres e homens. "A divisão sexual do trabalho começa dentro de casa. É estruturante de todas as esferas no mundo do trabalho. Em casa, é marcada pelas tarefas domésticas. E se reproduz no mundo privado e público", analisou.
Com produção científica sobre gênero e trabalho, Menicucci chamou a atenção para pesquisas reveladoras da interferência da violência contra a mulher na vida profissional das trabalhadoras. "Hoje foi divulgado o aumento de 18,7% de estupros no Brasil no ano de 2012 em relação a 2011. São dados da PNAD e do Ministério da Justiça. Todas as mulheres estupradas não conseguem voltar a trabalhar por causa do estresse pós-traumático", considerou.
Retorno ao trabalho
A ministra da SPM também abordou o sentimento de culpa que acomete as mulheres no momento da gestação e a ansiedade para voltar ao emprego. "A mulher se afasta para ter filhos e volta para o trabalho com uma culpa enorme por não estar lá com a criança. Qual é o discurso e a narrativa dos patrões? A produtividade vai cair. Ele só não retira o salário por causa da lei e da ação de sindicatos e movimento de mulheres e feministas. Mas ele a desloca", completou.
Voltando-se ao público do encontro, Menicucci fez o alerta: "a autonomia econômica das mulheres tem que ser discutida de forma transversal. Ter salário, acesso e direitos sociais iguais, ascender nos conselhos empresariais, ter o seu empreendimento rural são questões fundamentais".
E reiterou o respeito às escolhas das mulheres, exemplificando com a maternidade. "É preciso mudar paradigma cultural e entender que a maternidade é um direito da mulher, se ela quiser ter filhos. Que as conclusões desse encontro sirvam para que vocês possam mudar ainda mais as condições das mulheres no mercado de trabalho", concluiu a ministra Eleonora.
Na mesa da abertura, a secretária de Políticas do Trabalho e Autonomia Econômica das Mulheres, Tatau Godinho, considerou que os últimos dez anos têm sido marcados por mudanças nas políticas públicas e no empoderamento das mulheres no mercado de trabalho.
Porém, frisou que é preciso "debater para saber onde estão os nós para diminuir as distâncias entre mulheres e homens. Temos de ter mais conhecimento e vozes para divulgar as condições reais". O ato foi prestigiado pela secretária-executiva da SPM, Lourdes Bandeira, entre outras autoridades.
Fonte: Portal Brasil